Política
Mauro Cid confirma que Bolsonaro leu e editou minuta golpista
Ex-ajudante de ordens afirmou que ex-presidente retirou trecho que previa prisão de autoridades, exceto para o ministro Alexandre de Moraes

Mauro Cesar Barbosa Cid e o advogado Cezar Roberto Bitencourt durante depoimento nesta segunda-feira. – Foto: Rosinei Coutinho/STF)
Durante depoimento, nesta segunda-feira (9/6), o tenente-coronel Mauro Cid confirmou em resposta ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que o ex-presidente Jair Bolsonaro leu e pediu alterações na chamada minuta golpista, com medidas extremas para anular o resultado das eleições presidenciais de 2022 e manter a chapa derrotada no poder. Segundo o ex-ajudante de ordens da Presidência, Bolsonaro solicitou a retirada do trecho que previa a prisão de autoridades, exceto para Moraes.
Segundo Cid, o principal alvo do ex-presidente seria Moraes, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na época do pleito. Na minuta ajustada por Bolsonaro, o magistrado continuaria como preso. Ele não soube precisar a data da minuta do golpe.
“Em termos de data, não me lembro bem. Foram duas, no máximo três reuniões em que esse documento foi apresentado ao presidente”, afirmou Cid.
O ex-braço direito de Bolsonaro disse que o documento era composta por duas partes. A primeira listava possíveis interferências do STF e do TSE no governo bolsonarista e no processo eleitoral. A segunda trazia uma fundamentação jurídica com propostas como estado de defesa, estado de sítio, prisão de autoridades, a criação de um conselho eleitoral e um comitê de crise para refazer as eleições.
A minuta foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres — também réu na ação penal — dois dias após os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. A intenção do era reverter o resultado da eleição que definiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República. O documento foi incluído no processo que tratou da reunião com os embaixadores, no ano passado, em que Bolsonaro, sem provas, atacou o processo eleitoral brasileiro e as instituições democráticas.
*Correio Braziliense

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