Política
Lula anuncia programa para reforma de casas como alternativa ao Minha Casa, Minha Vida
Segundo presidente da República medida será adotada para fortalecer política de moradias no Brasil

Ricardo Stuckert/ PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (20) que vai lançar um programa de crédito para reformas de casas. A declaração foi dada na abertura da Marcha dos Prefeitos, em Brasília (DF), ao comentar o déficit de moradias no Brasil.
“Vamos anunciar um outro programa, diferente do Minha Casa, Minha Vida, que é uma política de crédito para reforma de casas. O cidadão que quiser reformar a sua casa, fazer uma garagem, um quarto, um banheiro, terá direito a um crédito com juros mais barato possível. A gente vai dar chance da pessoa ter uma casinha”, explicou.
Segundo Lula, a medida será uma alternativa para quem não tem interesse em adquirir algum imóvel do Minha Casa, Minha Vida. “Estava vendo que o Brasil tem um déficit de sete milhões de casas. Eu sou o presidente da República que mais fiz casas nesse país, mas alguma coisa está errada [porque o déficit continua alto]”, disse.
Marcha dos Prefeitos
Esta é a 26ª edição do evento, organizado pela CNM (Confederação Nacional de Municípios) e que reúne, tradicionalmente, prefeitos, vereadores, secretários e demais gestores municipais. Com estimativa de rombo de R$ 540 bilhões nas contas públicas das cidades, as autoridades vêm à capital federal defender a renegociação de dívidas dos municípios e buscar novos investimentos.
Os presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), respectivamente, também estiveram na abertura do encontro, que pretende debater, ainda, temas como segurança pública, saúde e educação. Além deles, ministros de Lula e parlamentares federais também participaram do evento.
A principal demanda política da edição deste ano é a renegociação de dívidas de municípios com a União. Prefeitos defendem a proposta para ampliar o prazo de quitação de débitos com a previdência para 25 anos, indicado na PEC (proposta de emenda à Constituição) 66, que está em análise no Congresso Nacional.
“Dá um impacto de quase R$ 700 bilhões, porque envolve precatórios, dívidas do regime geral, fundos agora flexibilizados”, afirma o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Segundo ele, o grupo busca negociações para a proposta nos próximos dias, em conversas com parlamentares e integrantes do governo Lula. A demanda é prioritária para o ano e poderá trazer prefeitos novamente a Brasília, caso seja necessário.
Outro destaque da edição deste ano é a formação do Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), criado na reforma tributária. Municípios defendem que haja uma eleição para composição do grupo que vai definir regras para o novo imposto.
Em outras frentes, prefeitos defendem a criação de um fundo com recursos que vão além de emendas parlamentares, além de uma garantia de valores para cidades que não sejam beneficiadas com o envio de recursos por deputados e senadores.
Impacto financeiro
O prejuízo de R$ 540 bilhões nos cofres dos municípios calculado pela CNM considera valores retroativos ainda não compensados a cidades e a estimativa de perdas em 2025.
Os valores consideram gastos de municípios que não foram atualizados pelo governo, como a compensação de pisos salariais e atendimentos sociais relacionados ao Bolsa Família.
“O resultado desse cenário se vê no déficit primário dos municípios, que aumentou de R$ 17 bilhões em 2023 para R$ 33 bilhões em 2024. A CNM analisa que a crescente rigidez orçamentária, impulsionada por vinculações legais e constitucionais, contribui significativamente para essa deterioração fiscal”, diz trecho de nota divulgada pela confederação.
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