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Colunista

Marcello Amorim

O Drama Diário da Mobilidade em Manaus

Todos os dias, Maria acorda antes do sol para pegar o ônibus que a levará do bairro Santa Etelvina ao centro de Manaus. Às seis da manhã, as ruas já estão vivas com o trânsito crescente. O ônibus, lotado e sem ar condicionado, é um microcosmo de frustração: pessoas sonolentas, cabeças pendendo, corpos apertados. Maria, como muitos outros, enfrenta diariamente o caótico trânsito da capital amazonense.

Manaus, uma cidade de quase 2,2 milhões de habitantes, sofre com uma infraestrutura urbana que não acompanhou seu rápido crescimento populacional e expansão desordenada. As ruas estreitas e mal planejadas se tornam labirintos congestionados, especialmente nas horas de pico. Motoristas impacientes, buzinas constantes e a linguagem áspera dos que estão ao volante pintam um cenário de barbárie urbana.

O transporte público é uma questão crítica. Os ônibus antigos ou não e superlotados, sem ar condicionado, são uma tortura diária para os passageiros. As promessas de melhorias feitas pelas autoridades locais muitas vezes não se concretizam, e a falta de uma rede de transporte eficiente agrava a situação. A prefeitura e o governo estadual têm lançado iniciativas conjuntas, mas os resultados são lentos e muitas vezes insuficientes.

A geografia única de Manaus, cercada pela floresta Amazônica e rios volumosos, complica ainda mais as soluções de infraestrutura e transporte. Manaus está ficando estreita, cercada pelos rios e igarapés. A construção de novas vias e pontes é um desafio logístico e ambiental. Recentemente, a inauguração de algumas vias expressas e a ampliação de pontes visaram aliviar o trânsito, mas os impactos ainda são modestos frente à magnitude do problema.

Além disso, a questão do saneamento básico permanece crítica. Áreas periféricas da cidade sofrem com a falta de esgoto tratado e abastecimento de água adequado, o que agrava as condições de vida e saúde dos moradores. As políticas habitacionais também falham em atender à demanda crescente, resultando em ocupações irregulares e moradias precárias.

Entre as várias iniciativas, destaca-se a tentativa de integrar o uso de transporte fluvial com ônibus e bicicletas, visando um sistema de mobilidade mais sustentável. No entanto, a implementação ainda está em fase inicial e enfrenta resistências políticas, como cultural e dificuldades práticas.

Enquanto a cidade luta para modernizar sua infraestrutura, os cidadãos como Maria continuam a enfrentar os desafios diários de uma mobilidade urbana deficiente. A esperança reside na efetivação das políticas públicas e na realização de projetos que realmente façam a diferença no cotidiano manauara.

“Bem, maninho” – como costuma dizer o manauara raiz – até lá, o caminho para casa continuará sendo uma jornada de resistência e paciência, ecoando os gritos e frustrações de uma cidade que clama por mudança.

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