Política
Lula pede que Macron “abra seu coração” para acordo com Mercosul
O chefe do Executivo disse que não pretende deixar a presidência do bloco sul-americano sem que as tratativas estejam concluídas

Fábio Pozzebom/Agência Brasil
Após se reunir com o presidente da França, Emmanuel Macron, nesta quinta-feira (5) em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu a hospitalidade que, segundo ele, “somente um grande amigo pode oferecer” e pediu apoio do mandatário francês para um acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
Em entrevista coletiva, Lula lembrou que o Brasil assume a presidência do bloco sul-americano no próximo semestre, para um mandato de seis meses.
“Quero lhe comunicar que não deixarei a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia”, disse, ao se dirigir diretamente a Macron.
“Portanto, meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul”, completou Lula. “Essa é a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante do cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e do protecionismo tarifário.”
Sem citar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), Lula disse que o acordo “é a melhor resposta” que os 2 blocos “podem dar diante do cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e protecionismo tarifário”.
Questionado sobre o acordo e a resistência dos agricultores franceses aos termos, Macron disse ser preciso “respeitar” os trabalhadores. Segundo ele, acordos como esse “comportam o risco para os europeus”, justamente por “permitirem baixar as tarifas”. Por isso, é preciso que os termos sejam analisados de “forma justa”.
“Do ponto de vista estratégico, a França é a favor do comércio livre e equitativo”, declarou, acrescentando que o país proibiu seus agricultores de utilizarem certos produtos por causa do dano causado ao meio ambiente. “Mas os países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação. É uma discrepância. Não de competitividade ou qualidade, mas uma discrepância na regulamentação”, disse Macron.
“Como é que eu vou explicar aos agricultores que, no momento em que exijo que eles respeitem as normas, abro o mercado para produtos que não respeitam essas normas? Qual vai ser o resultado?”, declarou. “Sim, queremos mais comércio, mas devemos respeitar nossos agricultores e também temos que respeitar a coerência das nossas ambições. Senão, de nada vale a Europa para defender o clima. Mais valeria fechar a sua indústria, seu comércio, sua agricultura”, afirmou.
Ao responder à declaração de Macron, Lula disse que “não está difícil” finalizar o acordo e é preciso “um pouco de boa vontade”. Segundo o petista, uma solução seria colocar agricultores brasileiros e franceses “para conversar”. Afirmou que, se for preciso, ele mesmo pode conversar com os franceses. “Eu queria pedir ao Macron uma coisa muito séria. Não permita que nenhum país europeu coloque em dúvida a defesa que o Brasil faz para diminuir o desmatamento”, disse Lula.
*Com informações de Agência Brasil e Poder360

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