Política
Erika Hilton acusa EUA de transfobia após visto listar gênero como “masculino”
Em entrevista coletiva, Erika classificou o episódio como “transfobia de Estado” e uma violação à sua dignidade

Vinicius Loures/ Câmara dos Deputados
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou nesta quarta-feira (16) que seu visto diplomático para os Estados Unidos foi emitido com o gênero registrado como “masculino”, apesar de sua identidade feminina constar em documentos brasileiros. A parlamentar, uma das primeiras mulheres trans eleitas para a Câmara em 2022, cancelou a participação na Brazil Conference 2025, evento que ocorreria neste mês na Universidade de Harvard e no MIT, em Massachusetts.
“Violência institucional”, afirma deputada
Em entrevista coletiva, Erika classificou o episódio como “transfobia de Estado” e uma violação à sua dignidade: “É uma expressão escancarada, perversa, do desrespeito que pessoas trans enfrentam. Meu passaporte brasileiro, que respeita minha identidade, foi ignorado”.
Ela destacou que, em 2023, seu visto anterior — válido por dois anos — estava correto, mas a renovação para o evento atual trouxe a alteração. A assessoria da deputada confirmou que prepara uma ação internacional contra o governo americano e busca uma reunião com o chanceler Mauro Vieira.
Contexto: EUA revertem políticas sob governo Trump
O caso ocorre em meio a retrocessos na agenda de direitos LGBTQIA+ nos EUA. Desde janeiro de 2025, Donald Trump retomou medidas como:
- Proibir pessoas trans de servir nas Forças Armadas;
- Bloquear redesignação de gênero para menores de idade;
- Suspender passaportes com marcador “X” (não binário), limitando a “masculino” ou “feminino”.
O Departamento de Estado americano não se manifestou sobre o caso de Erika. A Câmara dos Deputados informou que “analisa o ocorrido” e reforçou o compromisso com a “defesa dos direitos humanos”.
Repercussão e próximos passos
A deputada Duda Salabert (PDT-MG), também trans e colega de parlamento, declarou solidariedade: “Isso expõe a urgência de diplomacias comprometidas com a diversidade”. Enquanto isso, Erika Hilton segue pressionando por respostas formais e promete levar o caso a instâncias internacionais.
*Com informações de CNN

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