Política
Armando do Valle envolve Wilson Lima em esquema de manipulação de grampo telefônico
Armando do Valle deixou claro que suas ações são coordenadas diretamente com o governador Wilson Lima.

Foto Reprodução
Gravações, divulgadas neste domingo (29), revelam uma reunião realizada em 3 de agosto em uma residência no bairro da Castanheira, em Parintins, conhecida localmente como a “Mansão do Crime.” O conteúdo dos vídeos expõe discussões sobre grampos telefônicos feitos no celular de “Cearazinho,” assessor do prefeito Bi Garcia, que seriam enviados para hackers nos Estados Unidos para manipulação e uso durante a campanha eleitoral. Além disso, o encontro também abordou o confisco de cestas básicas do projeto Ação em Dias, da deputada estadual Mayra Dias, ação que de fato ocorreu em 22 de agosto.
As informações que emergem das gravações são alarmantes. Armando do Valle, diretor-presidente da Cosama, admitiu ter fornecido suporte para monitoramento policial dos movimentos do prefeito de Parintins e sua esposa, utilizando um grampo instalado de forma ilegal no telefone do assessor. “Se a gente perder o grampo deles, estamos fod…”, alertou Armando, revelando o controle que desejavam ter sobre as informações obtidas.
Durante a reunião, Armando, coordenador da campanha de Brena Dianná em Parintins a pedido do governador Wilson Lima, solicitou a oficiais da Polícia Militar presentes que reunissem todos os áudios coletados do telefone de Cearazinho. Entre os participantes estavam o comandante da Rocam, Jackson Ribeiro; o chefe de inteligência da Rocam, Capitão Guilherme; e o comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar de Parintins, Magno Judss. Armando destacou a necessidade de enviar as gravações para os EUA para edição estratégica: “Numa campanha, só não vale perder. O resto…”.
Os vídeos também sugerem que membros do governo de Wilson Lima estavam utilizando hackers norte-americanos para distorcer os diálogos interceptados, com a intenção de incriminar adversários políticos. “A gente tem que dar um jeito neles”, disse o chefe do esquema, pedindo lealdade dos militares em relação à manipulação do grampo.
Armando também revelou que Wilson Lima intensificou esforços em Manaus para garantir a vitória de seu candidato, expressando preocupação com a ausência do coronel Klinger em Parintins, que estaria envolvido em uma operação semelhante para a campanha de Roberto Cidade, em Manaus. Ele afirmou: “Em uma campanha de prefeito, tem que pegar todo o pessoal da CICOM e trabalhar como ele fez para governador”.
O major Jackson admitiu ter cooptado policiais federais para obter informações sobre as operações da PF no município, com o intuito de monitorar denúncias e garantir cobertura discreta nas ações da Polícia Militar.
Monitoramento e confisco de cestas básicas
Durante a conversa, os oficiais da Rocam e os secretários do governo de Wilson Lima discutiram o confisco das cestas básicas do projeto da deputada estadual Mayra Dias, que foi orquestrado na “Mansão do Crime” e executado em 22 de agosto. A Polícia Militar apreendeu as cestas sob a alegação de crime eleitoral, mas a deputada denunciou a ação na Assembleia Legislativa, ressaltando que as cestas deveriam ter sido levadas ao cartório eleitoral.
Interferência de Paulo Feitoza
Outro ponto polêmico tratado nos vídeos envolve Paulo Feitoza, advogado e marido da vereadora Brena Dianná, que, segundo Armando, estaria tentando interferir nos assuntos internos da campanha, incluindo a promoção de um aliado na Polícia Militar. Armando relatou atritos entre Paulo e o comando policial e mencionou um incidente em que precisou ser ríspido com o advogado: “O Judiss, ele quase ia ser preso hoje. Porque o fdp do marido da Brena foi lá fazer fuxico”.
Armando do Valle deixou claro que suas ações são coordenadas diretamente com o governador Wilson Lima, afirmando que as reuniões passaram a ocorrer na “Mansão do Crime” por ordem do chefe do executivo estadual, após a perda de confiança no marido de Brena, que buscava centralizar as decisões.

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